quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O CANCRO



Definição da doença

A palavra cancro é utilizada genericamente para identificar um vasto conjunto de doenças que são os tumores malignos.
Os tumores malignos são muito diversos, havendo causas, formas de evolução e tratamentos diferentes para cada tipo. Há, porém, uma característica comum a todos eles: a divisão e o crescimento descontrolado das células.
Não. Existem dois tipos de tumores: os benignos e os malignos. Neoplasia é também uma designação frequente para tumor.
Os tumores malignos, ao contrário dos tumores benignos, possuem duas características potenciais, que podem ou não estar expressas na altura em que a doença é diagnosticada:
Podem-se espalhar por metástases, isto é, aparecer tecido tumoral noutros órgãos diferentes daquele de onde se origina (por exemplo: fígado, pulmão, osso, etc);
Podem infiltrar outros tecidos circunvizinhos, incluindo órgãos que estão próximos.
Os tumores malignos são aqueles a que normalmente chamamos cancro. As doenças cancerosas são também designadas por oncológicas.
O cancro surge quando as células normais se transformam em células cancerosas ou malignas. Isto é, adquirem a capacidade de se multiplicarem e invadirem os tecidos e outros órgãos.
Para que se desenvolva um cancro é necessário que, de forma cumulativa e continuada, se produzam alterações celulares durante um largo período de tempo, geralmente durante anos.
Como resultado, cresce o número de células que apresentam alterações de forma, tamanho e função e que possuem a capacidade de invadir outras partes do organismo.
Um cancro pode ser detectado a partir de várias pistas: as queixas que o doente refere, a observação médica, diversos exames médicos (análises, TAC - tomografias axiais computorizadas e muitos outros – a definir consoante a circunstância) ou as achadas numa cirurgia. Mas para confirmar o diagnóstico de um cancro é geralmente necessária uma amostra do tumor (biópsia). A análise dessa amostra permite determinar se a lesão é um cancro ou não.
Os cancros classificam-se de acordo com o tipo de células avaliado pela anatomia patológica, em:
Carcinoma - Tumor maligno que se origina em tecidos que são compostos por células epiteliais, ou seja, que estão em contacto umas com as outras, formando estruturas contínuas, como, por exemplo, a pele, as glândulas, as mucosas. Aproximadamente 80 por cento dos tumores malignos são carcinomas.
Sarcoma - Tumor maligno que tem origem em células que estão em tecidos de ligação, por exemplo ossos, ligamentos, músculos, etc. Nestes, as células estão unidas por substância intercelular e não são epitélios, são tecidos conjuntivos.
Leucemia - Vulgarmente conhecida como o cancro no sangue. As pessoas com leucemia apresentam um aumento considerável dos níveis de glóbulos brancos (leucócitos). Neste caso, as células cancerosas circulam no sangue e não há normalmente um tumor propriamente dito.
Linfoma - Cancro no sistema linfático. O sistema linfático é uma rede de gânglios e pequenos vasos que existem em todo o nosso corpo e cuja função é a de combater as infecções. O linfoma afecta um grupo de células chamadas linfócitos. Os dois tipos de linfomas principais são o linfoma de Hodgkin e o linfoma não Hodgkin.
Alguns tipos de cancro podem ser detectados precocemente. A detecção precoce e o tratamento adequado imediato levam ao prolongamento do tempo de vida. Quanto mais cedo for detectado, maior a probabilidade de cura do cancro.

Consoante o tipo de tumor existem exames que podem permitir uma detecção precoce de alguns cancros. Para alguns tumores justifica-se a realização de exames de rotina a toda a população em risco para a detecção precoce de neoplasia. O tipo de exame varia consoante o tumor que se procura. Por exemplo, mamografia (radiografia das mamas) para o cancro da mama feminina ou citologia (exame das células) do colo do útero ou, ainda, pesquisa de sangue nas fezes para o cancro do intestino grosso (cólon). Nem todos os tumores justificam exames de rotina para a sua detecção em população sem sintomas ou sinais de suspeição. O seu médico saberá quais os exames indicados e os momentos adequados para os fazer.


Os sintomas que acompanham com maior frequência os diferentes tipos de cancro e para os quais deve estar atento são:
Nódulo (caroço) ou dureza anormal no corpo. A maioria dos nódulos ou úlceras pode dever-se a manifestações benignas, mas não deve descurar a hipótese de se tratar de uma lesão maligna.
Dor persistente no tempo (que não desaparece com analgésicos) e da qual deve informar o seu médico.
Sinal ou verruga que se modifica.
Perda anormal de sangue ou outros líquidos. Uma hemorragia vaginal, urinária, pelas fezes, na expectoração, etc., pode ser um sintoma de uma doença benigna, mas também pode ser sintoma de um tumor maligno que se origina no útero, vagina, cólon ou pulmão.
Tosse ou rouquidão persistente. Tosse ou rouquidão que persiste mais de duas semanas e que não desaparece com tratamento sintomático deve ser analisada por um otorrinolaringologista. Deve ter especial atenção se é fumador.
Alteração nos hábitos digestivos, urinários ou intestinais. Na maioria das ocasiões pode tratar-se de uma lesão benigna. A modificação dos hábitos intestinais, a alternância dos mesmos e a alteração da cor das fezes podem indicar a necessidade de um estudo para descartar a existência de um cancro colorectal.
Perda de peso não justificada. A perda de peso sem fazer dieta, mantendo os mesmos hábitos alimentares e sem aumentar a actividade física deve ser valorizada.

http://www.ligacontracancro.pt/

2. Incidência do Cancro em Portugal


De acordo com dados de 2003, do Instituto Nacional de Estatística, apresentados no 6º Congresso Nacional de Enfermagem Oncológica por Maria José Bento, do IPO Porto, o cancro vitimou 22.711 portugueses em 2003, sendo a segunda causa de morte em Portugal, logo após as doenças cerebrovasculares e cardiovasculares que atingiram 28.737 pessoas.
O cancro colorrectal é a principal causa de morte por cancro, representando 14 por cento do total de mortes por cancro (perto de quatro mil óbitos por ano). O do pulmão surge logo a seguir, com 13.9 por cento, seguido pelo do estômago com 11 por cento e pelo da mama, com 7 por cento. O cancro do pulmão é o que mais afecta os homens, com 19 por cento, enquanto o da mama atinge mais a mulher, com 17 por cento.
Os distritos de Beja, Setúbal, Lisboa, Porto e Viana do Castelo são os que apresentam a maior taxa de mortalidade padronizada por cancro, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística. Dados do Registo Oncológico Regional do Norte (RORENO), em 2001, apresentados por José Bento, revelam que surgiram 5.543 novos casos no homem e 4.630 novos casos na mulher, nesse ano.
De acordo com o enfermeiro Jorge Freitas, da Sociedade Portuguesa de Enfermagem Oncológica, “estima-se que as taxas de cancro podem aumentar cerca de 20 por cento, até 2020.

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=16921&op=all

Hábitos associados à cultura Portuguesa sobre a doença ( alcoolismo, alimentação

Hábitos ou factores que podem potenciar o aparecimento do cancro:
Fumar. Não fume. Se é fumador, deixe de o ser o mais rapidamente possível. Não fume na presença de não fumadores.

Obesidade. Evite a obesidade.

Modere o consumo de bebidas alcoólicas, tais como cerveja, vinho e bebidas espirituosas.

Evite a exposição demorada ou excessiva ao sol. É importante proteger as crianças, os adolescentes e os adultos com tendência para queimaduras solares.

Infelizmente os quatro hábitos que podem potenciar o aparecimento do cancro em Portugal são muito frequentes. Todos estes vícios são perigosos mas acho que fumar é ainda mais perigoso, porque para além de prejudicar o próprio pode prejudicar muitas pessoas que estão à sua volta.

Boas atitudes a tomar para prevenir a doença

Cumpra as instruções de segurança relativas a substâncias ou ambientes que possam causar cancro.
Aumente a ingestão diária de vegetais e frutos e limite a ingestão de alimentos contendo gorduras animais.
Pratique, diariamente, exercício físico.
As mulheres devem participar no rastreio do cancro do colo do útero (Papanicolau).
As mulheres devem participar no rastreio do cancro da mama.
As mulheres e os homens devem participar no rastreio do cancro do cólon e do recto.
Participe em programas de vacinação contra a Hepatite B de acordo com as normas da Direcção-Geral da Saúde.

Ponto nº 4 do guião
Custos do tratamento da doença

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o organismo através do qual o Estado Português assegura o direito à saúde (promoção, prevenção e vigilância) a todos os cidadãos de Portugal. A sua criação remonta a 1979, após se terem reunido as condições políticas e sociais provenientes da reestruturação política portuguesa de 1974.
O objectivo primário do SNS é a persecução por parte do Estado, da responsabilidade que lhe cabe na protecção da saúde individual e colectiva e para tal está munido de cuidados integrados de saúde, nomeadamente a promoção e vigilância da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a reabilitação médica e social.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_Nacional_de_Sa%C3%BAde

Baseado em dados de 2006 constatou-se que foram gastos 565 milhões de € em termos de gastos directos com o tratamento do cancro em Portugal e 1.320 milhões de € nas DCV o que representa 3,91% e 9,14% dos gastos totais na saúde, respectivamente.
Ao dividirmos os gastos totais em medicamentos por área terapêutica, os medicamentos para as DCV representaram cerca de 21,6% dos gastos totais em medicamentos e para o cancro cerca de 5,6%. Os medicamentos oncológicos representaram 32% dos gastos totais relativos ao cancro, enquanto que os das DCV 54% do gasto total em DCV. Em comparação, no que toca às BoD em Portugal, 18,6% dos DALYs foram associados às DCV e 15,3% ao cancro.
Conclusão: Considerando a BoD entre as DCV e o cancro em Portugal, pode-se afirmar que os gastos com o tratamento do cancro em Portugal ficam aquém do que seria esperado.
Usando o critério de despesa de acordo com as necessidades verificámos um diferencial entre despesa/BoD no cancro, dando a entender que o tratamento do cancro parece estar sub-financiado em Portugal. Embora este não deva ser o único critério a determinar o volume de despesa em determinada área terapêutica, o diferencial identificado neste estudo é suficientemente grande para merecer a atenção dos decisores.
http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2009-22/5/525-536.pdf

Ponto 5 do Guião
Representações sociais da doença

O cancro é um fenómeno complexo cuja natureza extravasa a esfera científica, não se reduzindo apenas a uma doença. A partir do momento em que começou a fazer parte da história das sociedades tornou-se também objecto do imaginário social.

Em Portugal parece prevalecer, também, a cancerofobia. A terminologia usada correntemente, em termos metafóricos, quando alguém pretende referir-se a aspectos considerados terrificantes em termos sociais, é prova disso. Por exemplo, a droga ou a delinquência são referidos como 'cancros sociais'. Também o modo eufemístico como é feita referência a esta doença na comunicação social, é sintomática. Ainda que saibam o diagnóstico, dizem de alguém que morreu de cancro que a sua morte resultou de 'doença de evolução prolongada'.

Em resumo pode dizer-se que, de um modo geral, o referente simbólico da patologia oncológica assenta na ideia de sofrimento, de insucesso terapêutico e no seu carácter fatal. Ainda que estas ideias possam ser discutíveis à luz do conhecimento das ciências médicas parece, no entanto, que estas subjazem às imagens que se constroem em torno do cancro e que têm repercussões na forma de pensar a doença e no comportamento face a ela.
Marília Neves
A crença de que o cancro é uma ameaça grave parece determinada essencialmente pelas consequências que provoca e pela sua elevada mortalidade. Uma análise mais detalhada permite-nos constatar que, relativamente às duas circunstâncias mais pontuadas, houve um certo consenso dos participantes em concordarem que «O cancro altera completamente a vida de uma pessoa», o mesmo não sucedendo com a outra afirmação - «Mais cedo ou mais tarde o cancro acaba por matar», verificando-se uma divisão mais expressiva entre concordantes e discordantes. Efectivamente, apesar de ser uma das afirmações que mais contribuiu para a crença de que o cancro é grave, parece revelar que esta é uma crença que, não sendo tão partilhada, tende a diminuir na forma como está enraizada.
A reforçar esta nossa inferência surge o facto de que a afirmação que reuniu maior consenso nas opções de resposta de concordância (81 participantes) é contraditória com esta ideia - «Nem todos os que sofrem de cancro morrem dele». Esta contradição foi também evidente no conceito de cancro, no qual se observou que o cancro é percebido por uns como uma «Doença incurável» e, por outros, como uma «Doença que pode ser curável», o que, recordamos que lhe conferia um carácter desconcertante.
http://www.repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/9556/3/4077_TM_01_P.pdf


Ponto 6 do Guião


Reflexão

Escolhi o cancro porque é a doença que tem levado à morte, em certos casos, alguns dos meus familiares. Tanto mais que a minha mãe faleceu com cancro no pulmão e da mama, de que sofreu durante muito tempo, cancro esse que não conseguiram detectar em Angola. Teve que sair do país e dirigir-se à Jugoslávia (Belgrado) onde se aperceberam que o cancro estava muito avançado e já não tinha cura.
Para além da minha mãe tenho o caso dos meus tios, irmãos dela, que também tiveram o mesmo fim, um com um cancro na cabeça e outro no fígado, e também alguns parentes.
Estou a ser acompanhada pela minha médica de família e todos os anos tenho que fazer exames, para ver se conseguem detectar alguma coisa sobre esta doença.
Esta doença preocupa-me muito. Cada vez que tenho uma dor em qualquer parte do meu corpo, penso logo que é o começo de uma formação do cancro. As vezes tenho receio em explicar a minha médica de família, mas passado alguns dias a dor passa sem ser preciso fazer qualquer medicação. Mesmo assim fico sempre preocupada quando vou fazer os exames.

Tratamento tipo

O médico pode aconselhar a consulta com um médico especialista. O cancro pode ser tratado por diferentes especialistas, como sejam: cirurgião, oncologista, ginecologista, pneumologista, medicina interna, radioterapeuta. Pode ter um médico especialista diferente, para cada tipo de tratamento que vá fazer.
O tratamento começa, geralmente, poucas semanas após o diagnóstico de cancro. Regra geral, tem tempo para falar com o médico sobre as opções de tratamento e, se considerar necessário, ouvir uma segunda opinião, para saber mais acerca do seu cancro, antes de tomar qualquer decisão sobre o tratamento.


Radioterapia
A radioterapia pode ser feita como tratamento exclusivo ou pode ser usada em combinação com outros tratamentos oncológicos como quimioterapia e a cirurgia.
Cerca de metade a 2/3 dos pacientes com câncer irão receber algum tipo de radiação em alguma etapa do tratamento oncológico. O tratamento com Radioterapia pode ser feito de várias maneiras, usando diferentes tipos de radiação. A dose de radiação e também o tempo de duração do tratamento depende de vários factores como, por exemplo, tipo de tumor, localização e estadiamento, além de algumas individualidades de cada paciente.
Radioterapia pode ser usada para tratar quase todos os tipos de tumores sólidos, incluindo cânceres dos tratos gênito-urinário, gastro-intestinal, tumores cerebrais, sarcomas, tumores de cabeça e pescoço, tumores ósseos, tumores de pele, de pulmão e de outros sítios anatômicos. Também pode ser usada para tratar leucemias e linfomas.
O objetivo do tratamento pode variar, podendo visar a completa destruição do tumor, a prevenção de recidiva tumoral ou mesmo a redução tumoral e alívio dos sintomas causados pelo tumor. Qualquer que seja o objetivo do tratamento é o médico quem faz a programação do que será feito, sempre de modo a poupar o máximo de tecido normal possível.
ABADOC – Associação Beneficente de Amparo à Doentes de Câncer é uma entidade sem fins lucrativos, de Utilidade Pública Federal (Portaria 836/03) e Municipal de São Paulo (44.782/04) e assiste há 25 anos pacientes carentes oriundos de hospitais públicos, principalmente do Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com a doação de medicamentos oncológicos e complementares não supridos gratuitamente por órgãos públicos enquanto há falta desses, assim como cestas básicas, alimentação especial (para os que têm câncer na região da garganta e que não podem engolir alimentos sólidos necessitando sondas gástricas ou nasogástricas), cateteres para administração de quimioterapia, bolsas de colostomia, entre outros.
Ela foi fundada em 10/10/1984, após o Sr. Aristide Penna, o pai da Maria de Lourdes (Lourdinha), ter falecido de câncer de pulmão e ela ter presenciado a dificuldade que então existia e ainda existe para as pessoas pobres no tratamento da doença e na obtenção dos medicamentos gratuitos para câncer quando o paciente não se encontra internado. Ela recebeu uma doação correspondente ao que hoje seriam uns R$ 500,00 do Sr. Macorin, um amigo da família, uma semana após a morte do pai, ao que tentou não receber, mas este insistiu dizendo, de forma enigmática, que seria de valia no futuro. Ao comentar esse episódio com seu então namorado, Edson Souza, dizendo a ele que pretendia doar a quantia aos que estivessem no hospital, este lhe sugeriu que ao invés disso, fosse criada uma instituição com CGC e com a adesão de pessoas que se solidarizassem, para que o dinheiro e principalmente e ação de ajudar, não desaparecesse após o término desses fundos iniciais, mas se perpetuasse com novas doações e contribuições recebidas.
E assim foi feito. Com a ajuda de um advogado amigo da família, Dr. Hermógenes, à partir de um estatuto adaptado de um clube de futebol, a ABADOC foi registrada no CGC sob número 53.836.896/0001-00, inicialmente com sede na casa da Lourdinha. Com o dinheiro foram compradas algumas caixas de Nolvadex, na época, em contínua falta nos postos e hospitais, e um número correspondente de vales-medicamento foram emitidos para que, sempre que os médicos que estavam com eles no começo, Renan e Urias, se deparassem com uma consulta a um paciente carente que necessitasse desses remédios, eles dessem um ou mais desses vales medicamentos, que seriam retirados pelos pacientes na casa da Lourdinha. No verso desses vales-medicamento, tinha uma mapinha como chegar lá.