quarta-feira, 12 de maio de 2010

A MINHA EXPERIÊNCIA DE EMIGRAÇÃO


Nasci em Angola aos doze de Outubro de mil novecentos e cinquenta e seis.
Sempre tive o desejo de conhecer Portugal, mas era difícil para mim pois tinha que ter uma autorização ou ser uma pessoa muito importante para me poder deslocar para Portugal. Para além disso, não tinha dinheiro para tratar da documentação e comprar as passagens.
Tudo foi mais fácil depois da Independência de Angola, em 1975. Alguns familiares conseguiram vir por causa da guerra, já que durante a ponte aérea que se organizou para resgatar os portugueses que estavam em Angola, alguns angolanos aproveitaram esta boleia porque trabalhavam para os portugueses, nos caminhos-de-ferro, na alfândega ou na administração.
No meu caso tive que trabalhar e juntar algum dinheiro para poder vir com a família, por etapas. Primeiro mandei as minhas filhas, irmãs e sobrinhas já adultas. Apenas depois disso pude vir.
Chegada a Portugal, no ano de dois mil, encontrei tudo mais ou menos como previa. As ruas pavimentadas, florestas, jardins organizados, vários transportes públicos, táxis, casas comerciais onde todos têm direito a fazer compras, mercearias, cafés, farmácias etc. Tudo isso também existia em Angola, no tempo colonial, mas depois da nossa Independência tudo mudou, ficou tudo destruído. Ruas, estradas, jardins estradas e também muita falta de transportes públicos.
Em Portugal estava tudo muito bem de princípio, porque fui recebida pelas filhas que já se encontravam cá. O que me desmoralizou foi o clima, as quatro estações do ano e o frio e o calor, muito diferentes dos de Angola. Foi muito difícil adaptar-me ao trabalho tanto mais que até agora me encontro bastante decepcionada com o patrão que encontrei, prefiro não aprofundar o assunto porque, como imigrante que sou, vou trabalhando até onde der, se conseguir uma oportunidade de encontrar um trabalho melhor, deixo este e avanço para outro.
Também consegui fazer amizades com certas pessoas, especialmente portuguesas e algumas africanas que já se encontram cá há muitos anos.
Em virtude da minha vinda a Portugal, já não sou a mesma, mudei muito, na minha maneira de pensar e agir.

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